
Rode não é ruim, mas passou pelo Dortmund no momento errado
No último sábado (27) o Borussia Dortmund confirmou a transferência de Sebastian Rode em definitivo para o Eintracht Frankfurt, clube que defendeu por empréstimo na metade final da temporada 2018-2019. Adquirido por 12 milhões de euros junto ao Bayern de Munique em 2016, Rode, de 28 anos, rende ao Dortmund cerca de 4 milhões de euros e retorna ao Frankfurt, clube que defendeu por quatro temporadas no início da carreira.
A imagem deixada por Rode nesta saída do clube aurinegro não teria como ser pior. Contratado por um alto valor, pouco utilizado, quando esteve em campo acumulou más atuações e teve ainda uma série de lesões que fizessem com que ficasse longe dos gramados por meses. Ainda assim, opto por correr o risco de afirmar que a imagem construída não faz jus ao atleta que Rode é.
Para fazer justiça, é preciso um mea culpa por parte do Dortmund: desde o momento da sua contratação, sempre esteve muito claro que encaixar Sebastian Rode no time aurinegro seria um desafio e tanto. Nas duas temporadas que defendeu o Bayern de Munique, o volante se tornou peça alternativa para o meio-campo do técnico Pep Guardiola. Como arma para etapas finais ou partidas contra times mais fechados da Bundesliga, a imposição física do jogador foi utilizada, mas em nenhum momento encaixou no futebol plástico e de toque de bola praticado pelo time orientado pelo técnico catalão.

Sob o comando de Thomas Tuchel, adepto de um estilo de jogo similar ao de Guardiola, Rode exerceu em sua primeira temporada com a camisa do Borussia Dortmund um papel semelhante ao que teve no Bayern de Munique. Os problemas, porém, também foram os mesmos e o meio-campista caiu em desuso, principalmente por oferecer pouco ao time na fase ofensiva e ter se mostrado uma opção pior do que a concorrência.
Todavia, para além dos problemas técnicos, a maior causa do fracasso de Rode no Borussia foram aos lesões: em dois anos e meio, o volante foi desfalque por lesão em mais de 70 partidas. Por conta de um problema ósseo, o atleta ficou afastado dos gramados por oito meses em sua segunda temporada de Borussia Dortmund. Tecnicamente pode não ter sido um primor, mas certamente teria sido mais utilizado e poderia ter brigado por uma vaga no time não fossem os sucessivos problemas físicos.
Logo quando explodiu no Eintracht Frankfurt, Sebastian Rode se mostrou um atleta perfeito para um jogo reativo, de contra-ataque e definição direta de jogadas, tendo agressividade defensiva e chegada no ataque. Tais virtudes caíram um pouco no esquecimento nas passagens por Bayern e Dortmund, por isso é preciso que seja feita justiça com o volante. Não é a toa que na reta final da última temporada foi importante para o Frankfurt de Adi Hütter na campanha brilhante da Europa League. Rode não é ruim, só não era adequado para os times que defendeu.

Não acredito que Rode tenha tido uma carreira mal gerida, mesmo porque atuar por Bayern de Munique e Borussia Dortmund são as primeiras opções de diversos atletas, tampouco creio que teria condições de alçar voos muito mais altos se os estilos de jogo fossem diferentes, afinal não passa de um atleta mediano. Ter sido um mau negócio, inadequado para o momento do clube, porém, segue sendo muito diferente de ser um jogador ruim. Dez anos atrás, Rode teria sido muito mais útil ao Dortmund, assim como deve ser para o Frankfurt daqui em diante.