
Review: Union Berlin 3:1 Borussia Dortmund
O primeiro tropeço do Borussia Dortmund na Bundesliga veio mais cedo do que muitos esperavam. Atuando fora de casa, o time não foi páreo para o Union Berlin e saiu derrotado por 3 a 1, com gols de Marius Bülter, duas vezes, e Sebastian Andersson. Paco Alcácer descontou para o Borussia ainda no primeiro tempo. Esta foi a primeira vitória do Union em sua história na primeira divisão alemã.
A derrota logo na terceira rodada do campeonato mantém a sina de dificuldades do Borussia contra equipes recém-promovidas: nos últimos oito confrontos fora de casa contra times que subiram da 2.Bundesliga, o Dortmund conseguiu vencer apenas dois, contando com o triunfo da última semana diante do Köln. O precoce desperdício de pontos escancara ainda a permanente fragilidade da defesa aurinegra, que chega a cinco gols sofridos em apenas três rodadas de Bundesliga.
Para a partida deste final de semana em Berlim, Lucien Favre passou pela sua primeira necessidade de mexer no time devido a lesões da temporada. Axel Witsel, com lesão muscular na coxa, e Thorgan Hazard, com lesão na costela, até então titulares absolutos, ficaram de fora, dando lugar a Thomas Delaney ao lado de Weigl e Julian Brandt aberto pelo lado esquerdo. Ambas as mudanças tiveram um impacto visível no desempenho aurinegro, mas não foram responsáveis pela derrota.

A postura do Borussia Dortmund no primeiro tempo repetiu os mesmo caprichos que quase custaram pontos contra Augsburg e Köln: uma posse de bola pouco agressiva, dependente de passes diagonais dos defensores e do brilho das jogadas individuais de Sancho, Brandt. A estratégia do Union Berlin desde o primeiro minuto foi clara e, convenhamos, inteligente. Apostar no contra-ataque com golpes diretos e objetividade, buscando explorar ainda a força da bola parada, foi um ótimo plano do técnico Urs Fischer. Tanto que todos os três gols saíram desta forma: duas vezes após cobrança de escanteio e uma vez em contragolpe.
Os ataques do Borussia Dortmund não deram muito certo porque não foi suficiente a troca de posições entre Jadon Sancho e Julian Brandt. Ora invertendo os lados, ora circulando pelo meio, ambos esbarraram em uma defesa postada de forma conservadora, assim como no sumiço de Marco Reus, que não fez uma boa partida. Brandt também não teve uma de suas melhores noites atuando na ponta, conseguindo seus melhores lances em infiltrações pelo centro. O Dortmund, de um modo geral, não encaixou no último terço do campo.
O primeiro gol do Union saiu em uma cobrança de escanteio rasteira onde Marius Bülter escapou de Delaney, se antecipou da marcação e bateu firme. O segundo gol, em contra-ataque onde Manuel Akanji falhou duas vezes, Bürki ainda salvou na primeira tentativa, mas o mesmo Bülter apareceu sozinho na sobra para ampliar. Talvez o lance com mais sucessivos erros da defesa na partida: primeiro Akanji, que parece em diversos momentos estar com sérias dificuldades físicas, falhou na saída; depois Weigl chegou atrasado na recomposição; e isso tudo sem sinal de Piszczek, que subiu para apoiar o ataque e não conseguiu voltar a tempo.

O gol de número três do Union foi novamente em uma bagunça após cobrança de escanteio, onde a equipe berlinense novamente conseguiu recuperar a bola afastada e fez boa trama pelo lado direito da defesa aurinegra até encontrar Andersson dentro da área. A essa altura estava estampada nos jogadores a incapacidade de esboçar reação e a apatia, não conseguindo o Dortmund sequer vencer disputas mais simples de bola. Não por culpa de problemas físicos, mas por visível destruição do psicológico dos jogadores.
No único lance em que o Union Berlin se desligou um pouco na defesa, o Dortmund descontou, ainda no primeiro tempo. Mas também sem muita diferença em relação aos gols conseguidos nas primeiras partidas: passe diagonal de Hummels, avanço de Sancho pelo lado direito e presença de Paco Alcácer na área. Tem sido uma combinação eficiente, mas o Borussia Dortmund não irá muito longe se continuar dependendo apenas disso.
Todavia, algumas coisas precisam ser vistas para além da fumaça da derrota vexatória. Primeiro, partindo de uma premissa: como dito acima, o conjunto foi muito ruim, e isso fez com que lampejos não fossem o suficiente para salvar o Borussia. Apesar da ausência de Witsel ter sido muito sentida, Julian Weigl não foi necessariamente mal – assumiu o papel do belga no auxílio aos zagueiros na saída de bola, controlou as ações no meio e só pecou por algo que, de fato, nunca foi característico de Weigl, que é a capacidade de atuar mais próximo da área adversária, e por isso o time sentiu tanto a falta de Witsel. Ainda assim, conseguiu uma finalização na trave.

A entrada de Mo Dahoud não pode ser subestimada apenas por conta do time não ter conseguido furar o bloqueio berlinense no segundo tempo. Esperava-se do camisa 8 uma atuação ruim, com pouco ritmo de jogo e falta de entrosamento, mas nos 45 minutos que esteve em campo teve boa movimentação e conseguiu dar mais velocidade a saída excessivamente paciente do Borussia. Foi bem dentro do possível e precisava de uma oportunidade, mesmo tendo sido uma substituição errada para essa partida.
Quando o individual falha, é desleal culpar o técnico, mas quando os mesmos erros são sucessivos e o conjunto não apresenta alternativas, é Lucien Favre quem precisa ser responsabilizado. O Borussia Dortmund repete problemas que não são novidade e o treinador, que está há mais de um ano no comando, não esboça a capacidade de solucionar defeitos que tem gerado prejuízos cruéis. Até quando Favre irá resistir sem produzir soluções?
Por conta do tropeço, ressurge a discussão fora de hora sobre disputa ao título, o que é uma tremenda bobagem pelo momento precoce. Em setembro é covardia discutir liderança e o foco deve estar em rendimento, independentemente da tabela de classificação. Fazer frente ao Bayern de Munique, ao RB Leipzig, é assunto para outro momento. O Borussia Dortmund precisa primeiro conseguir parar de sabotar os próprios planos.