
Review: Lazio 3:1 Borussia Dortmund
Começando a fase de grupos da Champions League sem pé nem cabeça, o Borussia Dortmund acabou derrotado pela Lazio, no Stadio Olimpico, pelo placar de 3 a 1. A equipe comandada por Lucien Favre voltou a estar apática em mais um jogo importante e segue decepcionando quando é um pouco mais exigida além da Bundesliga e afins. O único gol aurinegro foi marcado por Haaland.
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Ainda com os desfalques de Akanji, Zagadou, Schmelzer, Schulz e Hazard, além do suspenso Can, Favre manteve o fatídico esquema de 3-4-3 e mandou a campo um time com escolhas contestáveis. O treinador suíço optou por Hitz, que realmente vive um momento melhor do que Bürki, e manteve Delaney na zaga ao lado de Hummels e Piszczek. Os responsáveis pelas alas direita e esquerda continuaram sendo Meunier e Guerreiro, respectivamente. No meio-campo, Bellingham surpreendentemente ganhou a vaga de Dahoud e formou dupla com Witsel. O trio ofensivo contou com Reus, Sancho e Haaland.
Entre todas as críticas ao trabalho de Favre, é inadmissível que Brandt e Dahoud sigam no banco de reservas. O primeiro é um jogador de alta qualidade e que, se bem utilizado, pode decidir partidas com enorme facilidade. Já o segundo vive talvez o melhor momento com a camisa do Dortmund e aproveitou bem todas as oportunidades que teve nesta temporada. Além disso, Meunier não mostrou ao que veio e mesmo assim segue empilhando titularidades inexplicáveis.

No início do confronto, a Lazio começou pressionando alto e sufocou um Borussia Dortmund que não sabia o que fazer com a posse de bola. Logo, em um erro patético protagonizado por Meunier e Piszczek, com ênfase para o belga, o time italiano conseguiu recuperar a bola no campo defensivo do Borussia e se aproveitou da implacável lei do ex de Ciro Immobile, que era mais óbvia que andar para frente.
Para piorar, o Dortmund sentiu o precoce gol sofrido e se abateu ainda mais, ficando encaixotado e sem conseguir encontrar alternativas para sair da alta pressão exercida pela Lazio. No caso, tanto Witsel quanto Bellingham não foram capazes de ativar atacantes e alas, criando um vácuo enorme entre a defesa e o ataque. Restou a Hummels e companhia limitada tentar achar algum passe que quebrasse as linhas da equipe adversária, algo que também não surtiu efeito e ainda rendia alguns contra-ataques aos italianos.
Como não há nada tão ruim que não possa piorar, a Lazio encontrou um gol originado por um escanteio, que teve uma gigantesca falha coletiva do Dortmund. A partir daí, a equipe italiana se postou atrás do meio-campo e entregou a bola para que o Borussia tomasse a iniciativa de propor o jogo. E adivinhem só: mais uma vez o time comandado por Favre não conseguiu realizar uma performance aceitável diante de um adversário bem encaixado defensivamente e os primeiros 45 minutos foram completamente dominados pela Lazio.

Já a segunda etapa até teve uma pequena melhora por parte do Dortmund, sobretudo pela entrada de Reyna na vaga de Bellingham, mas a premissa era a mesma: a Lazio bem postada defensivamente e o time aurinegro com notáveis dificuldades para penetrar e criar oportunidades de gol. Depois, Favre tirou Piszczek e colocou Brandt, alterando o encorpo tático da equipe e formando uma espécie de 4-2-3-1, com destaque para Hummels e Delaney de zagueiros; Witsel e Brandt de meio-campistas; e o quarteto ofensivo composto por Sancho, Reyna, Reus e Haaland.
Surpreendentemente, as mudanças surtiram efeito e o Borussia passou a ocupar o último terço do campo com mais eficácia, ainda que não conseguisse transformar o domínio em finalizações. Em contrapartida, na primeira jogada mais vertical da equipe aurinegra, Reyna realizou um belo passe e encontrou Haaland, na marca do pênalti, para diminuir o placar e teoricamente colocar o Dortmund no jogo.
No entanto, o Borussia seguia tentando emplacar na base do abafa, bem como um bando dentro de campo, e disponibilizava muito espaço para que a Lazio conseguisse contra-atacar. Portanto, bastou Hummels falhar — o que é raro e simboliza uma catástrofe — e os italianos encontraram o tento que deu fim às poucas esperanças aurinegras de ao menos empatar e quiçá virar um resultado vexatório. Vale ressaltar que, neste meio tempo, Reiner entrou no lugar de Reus, que fez uma das suas piores atuações da carreira e destoou por completo.

De um modo geral, o apático comportamento do Borussia Dortmund é o mais grave dentre todos os erros coletivos e individuais da equipe e não condiz com a história do clube. Inclusive, isso passa muito pela mãos do respectivo treinador suíço, que notavelmente não sabe gerir o elenco da maneira correta do ponto de vista psicológico e de transmissão de ideias que efetivamente tenham a tão sonhada e requerida mentalidade vencedora.
A falta de títulos e a apatia em jogos de maior peso, como o desta terça-feira, são fatores que pesam (e muito) contra a continuação de Lucien Favre no comando do Dortmund. Embora tenha méritos no desenvolvimento de jovens jogadores no presente e no passado recente, como os principais exemplos de Hakimi, Reyna e Sancho, Favre é um profissional que não está pronto para conquistar títulos e chegou ao limite de uma relação que já começou com os dias contados.
Para a sorte do Favre e o azar do torcedor aurinegro, há poucas opções livres no mercado que evidentemente sejam capazes de elevar o nível do Borussia e que se enquadrem nos requisitos do clube. Em função disso, atualmente ainda é improvável que o suíço de 62 anos seja demitido antes do término do seu contrato, previsto para acabar ao final desta temporada. Por outro lado, uma inesperável derrota às 13h30 do próximo sábado, no Signal Iduna Park, pode ser o ponto final da melancólica passagem do treinador e o ponto de partida para rumos mais promissores.