
Review: Inter de Milão 2:0 Borussia Dortmund
Atuando na Itália, o Borussia Dortmund perdeu a invencibilidade (por mais que seja mais negativa do que positiva) de quase um mês sem ser derrotado. Mesmo com Roman Bürki defendendo uma penalidade máxima, a equipe aurinegra sofreu um gol em cada tempo e foi derrotada pelo placar de 2 a 0 com gols de Lautaro Martínez e Candreva.
Pela primeira vez em sei lá quantos anos, o Borussia voltou a jogar efetivamente com três zagueiros de ofício. Por mais que na partida contra o Borussia Mönchengladbach também tenha acontecido, com Akanji atuando fixo na lateral-direita e Weigl ao lado de Hummels no meio de zaga, Lucien Favre decidiu apostar num novo esquema específico para a partida: 3-4-3 com a bola e 5-3-2/5-4-1 defendendo. Assim, com o retorno de Jadon Sancho e sem o gripado Marco Reus, o treinador suíço ousou em não escalar um atacante mais fixo, optando por mais uma vez deixar Mario Götze no banco, e acreditou que a equipe poderia usar a velocidade nos contra-ataques dos alas Hakimi e Schulz, além do trio ofensivo Sancho, Hazard e Brandt.
Teoricamente, a ideia até foi boa. Como jogava em casa e precisava da vitória, a Inter de Milão deveria propor mais o jogo e sair ao ataque, o que não aconteceu. Então, o mesmo problema de sempre do Dortmund voltou: a famosa posse de bola estéril. Com a equipe da casa extremamente bem postada defensivamente, Antonio Conte conseguiu encaixar seu estilo e plano de jogo ideal com reatividade e bolas longas na dupla Lautaro-Lukaku, tornando Lucien Favre e seus comandados uma presa pra lá de fácil.

No fraco (como um todo) primeiro tempo, o time aurinegro até conseguiu emplacar uma atuação efetiva visto que, mesmo sem criar, tinha as ações do jogo. Porém, na primeira e única oportunidade da Inter, Lautaro abriu o placar em uma falha defensiva de Nico Schulz, que esqueceu da linha de impedimento e deu condição ao atacante argentino. A partir disso, a posse de bole inútil do Dortmund se intensificou e só no final conseguiu chegar ao gol adversário com Sancho finalizando para a boa defesa de Handanovic. Fora isso, foi incapaz de conseguir acertar a meta mais uma de vez em 45 minutos. Muito pouco para quem almeja algo grande na temporada.
Com Hummels na esquerda, Weigl de líbero e Akanji na direita, a linha defensiva se comportou bem na primeira etapa, neutralizando quase que por completo o ataque adversário. Entretanto, o novo esquema feito para potencializar ofensivamente os alas acabou encontrando-os num péssimo dia. Tanto Schulz quanto Hakimi foram extremamente mal na partida como um todo, errando praticamente todos os lances do meio-campo pra frente. Assim, o Dortmund ficou encaixotado na parte ofensiva, dependendo, mais uma vez, da individualidade e da criatividade de Jadon Sancho, que também pouco apareceu.
Assim sendo, Witsel e Delaney rodavam a bola de um lado pro outro e nada acontecia, muito por conta de mais uma apagada atuação de Julian Brandt, que teve de se desdobrar como uma espécie de falso 9. Além disso, Hazard, a referência criativa (sem contabilizar o Sancho) dos últimos jogos, foi neutralizado pela forte marcação defensiva da Inter e passou longe de ser aquele jogador capaz de conduzir todas as boas ações ofensivas da equipe.

Como estava atrás no placar, era necessário que Lucien Favre mudasse algo para ao menos buscar o empate no segundo tempo. No entanto, o que aconteceu foi uma enorme bagunça. O “treineiro”, além de não ter feito nenhuma substituição no intervalo, continuou com o mesmo plano inofensivo de jogo. Para se ter ideia, foi a Inter de Milão que realizou uma substituição primeiro que o Dortmund. Com 15 minutos da segunda etapa, entrou Dahoud no lugar de Delaney. Substituição compreensível visto que o meio-campista alemão consegue entregar mais ofensivamente do que o dinamarquês.
Contudo, o esquema de jogo só foi alterado alguns minutos depois com a entrada de Bruun Larsen no lugar de Akanji. Assim, o Borussia voltou ao antigo 4-2-3-1 com Hakimi de lateral-direito e o próprio Larsen de centroavante. A partir daí, a patifaria se instaurou e a Inter conseguiu tudo que queria desde o início do jogo: espaço para contra-atacar. E não demorou muito para que isso acontecesse. Hummels e Weigl se enrolaram com Esposito dentro da grande área e a penalidade máxima foi marcada. Por um milagre divino, Bürki defendeu e, ao invés da moral da equipe crescer, acabou piorando.
Por fim, Hazard deu lugar a Guerreiro, que voltou a ser usado como meia-atacante mais avançado. Sem muita efetividade, nenhuma das alterações feitas por Favre, de jogador por jogador, rendeu algum resultado. A única que mudou a tônica da partida (para pior) foi a mudança tática para a volta do seu esquema preferido. Completamente bagunçado e atacando sem a menor coesão, era nítido que o Borussia sofreria mais um gol. Então, em mais um contra-ataque da equipe italiana, Candreva marcou nos minutos finais e matou um jogo que já estava morto há bastante tempo.

De pontos positivos, dá para se destacar mais uma boa e sólida atuação de Witsel e Delaney, que conseguiram segurar o meio-campo mesmo em inferioridade quantitativa. Além disso, Weigl e Hummels, no limite do possível, também conseguiram conter o ataque italiano até onde deu. Bürki, que pouco foi exigido, também deve ser enaltecido por enfim ter defendido uma cobrança de pênalti. De resto, não se salva mais ninguém. Vale ressaltar, negativamente, mais uma péssima atuação de Brandt, que errou quase tudo que tentou e está longe de ser o mesmo jogador que o Borussia contratou do Bayer Leverkusen. Como justificativa, não dá para tirar o peso das costas do treinador, já que se passaram meses e até hoje o mesmo não conseguiu encontrar uma posição ideal para o camisa 19 aurinegro.
O principal vilão desse e dos últimos jogos mais uma vez é Lucien Favre. Apesar de ter mudado taticamente a equipe, que mostrou alguns pontos positivos na defesa, parece que está mais perdido do que cego em tiroteio. Com escolhas contestáveis como Akanji de lateral-direito, Weigl de zagueiro e Hakimi de meia-atacante, além do não-uso de Mario Götze e da falta de rodízio no elenco, o treinador suíço está com os dias contados em Dortmund. Depois de boas contratações, o elenco aurinegro é bom o suficiente para produzir mais, e talvez esse seja o maior empecilho no momento, uma vez que parece não haver mais margem de evolução.
Em termos de Champions League, com a derrota para um adversário direto pela classificação, a vitória na próxima rodada contra a própria Inter de Milão em casa é mais do que necessária. No entanto, pode ser que o atual treinador não esteja nem mais no comando da equipe até lá. O próximo confronto do Borussia Dortmund será o Revierderby no sábado (26), contra o Schalke 04, pela Bundesliga. Vale relembrar que, num passado mais recente, a diretoria aurinegra afirmou não ter demitido Peter Bosz (após o vexatório empate em casa contra os Azuis Reais) por conta de não querer dar o orgulho de culpa pela demissão aos rivais. Ainda assim, em caso de derrota, não é loucura afirmar que pode haver caça às bruxas.