
Review: Borussia Dortmund 3:3 Paderborn
Abrindo a 12ª rodada da Bundesliga, o Borussia Dortmund recebeu o Paderborn no Signal Iduna Park em uma partida marcada pela frustração. Em um primeiro tempo catastrófico, o time aurinegro permitiu que os visitantes abrissem uma vantagem de 3 a 0, e mesmo que tenha partido para o tudo ou nada na etapa final e arrancado o empate, o que fica é o dissabor de mais uma atuação muito abaixo das expectativas.
Após duas semanas de treinos graças a pausa para a data FIFA, Favre apostou em algumas mudanças estruturais na espinha dorsal da equipe, algumas por opção, outras por necessidade. Julian Weigl formou a dupla de defesa titular ao lado de Hummels, com a justa ida de Akanji para o banco de reservas. No meio-campo, Dahoud foi o parceiro de Witsel devido a lesão grave de Delaney, que só deve voltar aos gramados em janeiro. Mais adiante, Guerreiro foi o titular na meia-esquerda, com Paco Alcácer retornando ao comando de ataque.
As mudanças em si pouco influenciaram na postura da equipe, visto que o rendimento em campo foi apenas mais do mesmo em comparação com as últimas partidas. A alta exposição da defesa e a improdutividade do ataque se tornaram marcas do time de Lucien Favre, e o Paderborn soube explorar com maestria esses defeitos, principalmente por meio do inspiradíssimo Streli Mamba.
O primeiro gol, logo aos 5 minutos, partiu de um contra-ataque de manual, com Pröger superando Schulz na velocidade e Mamba aparecendo inteiro na área para marcar. Os dois gols seguintes seguiram roteiros muito parecidos: bola esticada pela defesa do Paderborn, Weigl perdendo na velocidade e primeiro Mamba, depois Holtmann, saindo na cara de Bürki para ampliar a vantagem do time visitante.

A defesa do Borussia Dortmund no primeiro tempo remeteu aos tempos de Peter Bosz, e talvez aos piores momentos de Tuchel: demasiadamente alta, desatenta, irresponsável na saída de bola e presa fácil nas bolas longas e lances em velocidade. Foi assim que o lanterna da Bundesliga estremeceu o Signal Iduna Park e obrigou Favre a fazer todas as três alterações que tinha direito já no intervalo, promovendo as entradas de Hakimi, Hazard e Brandt. Paco Alcácer deixou o gramado com lesão e se tornou dúvida para a partida contra o Barcelona.
O segundo tempo do Borussia Dortmund teve Guerreiro recuado para a lateral-esquerda e fazendo um melhor trabalho na recomposição do que Nico Schulz, além da mudança de formação, com Witsel na base do meio-campo e Thorgan, Brandt, Sancho e Hakimi se movimentando muito na criação, com Reus na referência do ataque. Um pouco pela persistência e um pouco pela fragilidade do adversário, dono da pior defesa da liga, o Borussia arrancou o empate, algo que, por sua vez, não diz muito sobre o desempenho do time.
Prevaleceu nos lances dos gols o talento individual dos atletas, que com certa autonomia em campo são capazes de desfrutar de momentos de protagonismo. O coletivo, no entanto, cada vez mais se prova fraco e raiz dos problemas do Dortmund. Curiosamente, todos os gols saíram a partir do lado esquerdo do campo: primeiro, em trama de Achraf Hakimi e conclusão de Sancho. Depois, com Hummels aproveitando a segunda bola e acionando Witsel pelo alto, e por fim com Sancho encontrando Reus entre os defensores do Paderborn.

A persistência deu ao Dortmund um ponto valioso, mas que no conjunto parece mais perigoso do que uma derrota. O empate dá uma sobrevida a Lucien Favre, que segue na corda bamba e de acordo com o Bild terá contra o Barcelona, no Camp Nou, sua prova de fogo: se perder, será demitido. Se ganhar, teremos mais algumas semanas de sofrimento, com rendimento baixo e mal aproveitamento do elenco.
A discussão em torno de Favre se reflete sobre algumas figuras centrais do elenco: no dilema entre Alcácer e Götze para o ataque, é preciso recordar que o treinador rechaçou a contratação de mais um atacante no início da temporada por avaliar os dois como suficientes para o elenco. Quanto ao baixo rendimento de figuras como Reus e Sancho, que tem capacidade de contribuir para a cena geral muito mais do que os lampejos que resultam em gols salvadores, também prevalece a culpa do técnico, que suprime a evolução do Brandt em prol de uma proteção injustificável a Reus em uma função em que não rende tudo que pode render, e que também tem freado a evolução de Sancho.
Isso sem entrar no mérito do sistema defensivo, que tem jovens como Mateu Morey e Leonardo Balerdi a espera de uma oportunidade e sequer ganham minutos em partidas como essa. Será mesmo que a defesa tem como fazer pior do que tomar três gols do lanterna em 45 minutos? Creio que não. Nem mesmo Zagadou, que foi testado e aprovado no time principal, tem conseguido minutos na rotação da equipe.
O próximo compromisso do Borussia Dortmund é contra o Barcelona, mas o adversário pouco importa, pois sabemos exatamente o que esperar. O martírio que se tornou assistir ao Dortmund só deve ter fim com o término da ‘Era Favre’, que parece estar cada dia mais próxima de um desfecho.