
Review: Borussia Dortmund 0:4 Hoffenheim
A despedida do Borussia Dortmund da temporada 2019-2020 não tinha como ser mais deprimente. Atuando no Signal Iduna Park, o clube aurinegro deu vexame e se deixou ser vencido por 4 a 0 pelo Hoffenheim, com quatro gols do atacante croata Andrej Kramaric. Apesar de garantido na segunda colocação da Bundesliga, o Dortmund encerra a temporada deixando uma péssima última impressão para sua torcida.
Ficou evidente neste sábado que assegurar o vice-campeonato da liga teve um impacto negativo no desempenho da equipe, que atuou de forma desconcentrada e desinteressada no jogo. É claro também que, apesar de estar com seu destino definido, isso não justifica a partida preguiçosa e as performances decepcionantes do time como um todo. Por outro lado, o Hoffenheim ainda lutava pela vaga na próxima Europa League e com a goleada assegurou mais uma vez seu lugar no torneio continental.
Emre Can, suspenso, foi um dos desfalques do Borussia, dando lugar a Leonardo Balerdi no onze inicial. Outra novidade foi a manutenção de Mateu Morey entre os titulares, apesar do retorno de Hakimi, que começou a partida no banco de reservas. Destaque contra o RB Leipzig, Giovanni Reyna começou na vaga de Sancho, que foi poupado e passou os primeiros 45 minutos no banco.

O primeiro e o segundo tempo do Borussia Dortmund foram semelhantes: falta de disposição para reter o controle da partida, sem organização para criar qualquer oportunidade de perigo no setor ofensivo e extremamente exposto aos avanços do Hoffenheim. Treinado pelo interino Matthias Kaltenbach, o Hoffe usou muito bem os dois lados do campo, bem como soube explorar o desinteresse aurinegro agredindo a velocidade de Kaderabek e Skov, além de Samassékou e Bebou.
Kramaric inaugurou o marcador ainda antes dos 10 minutos da etapa inicial, após Bebou aproveitar espaço no lado esquerdo da defesa aurinegra. Invertido, o destro Balerdi não foi bem na vaga de Can (Akanji? Zagadou?) e sofreu um verdadeiro baile. A competência do croata também entrou na conta, principalmente no primeiro gol, ao acertar um chute de primeira, sem dar chances aos marcadores e indefensável para Roman Bürki.
No restante do primeiro tempo o Dortmund tentou, mas sem qualquer perigo. Prevaleceu uma posse de bola improdutiva e faltou preparo físico para reverter a desvantagem. O que vínhamos observando nos últimos jogos, novamente se repetiu: cansados, os principais destaques do elenco não deram conta de conduzir a equipe na reta final da temporada. Nas vitórias, prevaleceu o encaixe tático e o desempenho coletivo, mas quando a individualidade foi exigida, o Borussia Dortmund sofreu muito. Na nossa opinião, isso se deve, dentre outras coisas, a falta de rotação.

Ainda na etapa inicial houve tempo para Kramaric ampliar, em nova subida do time pelo lado direito – esquerdo da defesa do Borussia. O Dortmund voltou para o segundo tempo com Sancho e Hakimi, mas as alterações surtiram pouco efeito. Logo antes dos cinco minutos do segundo tempo, Kramaric fez mais um, o terceiro do Hoffenheim, e também o quarto. Este, aliás, em pênalti polêmico após contato de Hummels dentro da área. Apenas mais uma decisão polêmica em desfavor do Borussia.
As alterações promovidas por Lucien Favre não mudaram muito a cara do Borussia Dortmund. Perdendo de 4 a 0, mas cansado e sem mais nada a lutar na Bundesliga, o time não realizou grandes esforços para reverter o marcador. O final do segundo tempo marcou talvez os 30 minutos de futebol mais desinteressantes dessa temporada para o torcedor aurinegro. Notem que não mencionamos nominalmente quase ninguém por falhas ou desinteresse, pois esse é o resumo da obra: no geral, o Dortmund foi um conjunto decepcionante.
Houve tempo ainda para uma estreia muito aguardada: Tobias Raschl, promissor meio-campista da base aurinegra, atuou pelo profissional pela primeira vez e ganhou 25 minutos em meio ao trágico confronto. Com a partida definida e devido ao cenário da equipe, não conseguiu exibir muita coisa, mas acaba sendo o destaque positivo de uma despedida de campeonato que não deixará saudades.

Antes do apito inicial o Dortmund contou com algumas definições importantes para a próxima temporada, algumas que já haviam sido confirmadas, outras que já eram ao menos esperadas pelo torcedor. Zorc renovou e fica por mais um ano. Lucien Favre, apesar dos pesares, também ganha mais uma temporada de conforto no comando do clube. Götze não ganhou a oportunidade de se despedir dentro de campo, mas oficialmente também não é mais jogador do Borussia Dortmund. A grande novidade foi a confirmação da saída de Achraf Hakimi, que não terá seu empréstimo renovado e deve ser vendido pelo Real Madrid para a Internazionale.
Como dito acima, a despedida do Borussia Dortmund da Bundesliga foi deprimente, assim como tem sido todas as temporadas. O time luta muito, se deixa sonhar, mas confortavelmente aceita a condição de segundo colocado. Se o risco de ficar para trás parece ser sempre superado, o que fazer com a incapacidade de evoluir? O Bayern de Munique de Hansi Flick teve uma reta final de temporada irretocável, mas o sucesso do adversário jamais pode servir de justificativa para a estagnação aurinegra.
Segundo colocado do Campeonato Alemão por mais uma temporada, com 13 pontos a menos que o campeão. O time marcou 84 gols e sofreu 41 nas 34 rodadas da Bundesliga. Jadon Sancho foi o artilheiro da equipe com 17 gols marcados, terceiro maior marcador do campeonato, e também líder em assistências, com 16, atrás apenas de Thomas Müller (21). Siga acompanhando o Muralha Amarela, pois nos próximos dias publicaremos nossas análises completas dos principais aspecto do Borussia Dortmund nessa temporada.