
Review: Borussia Dortmund 0:0 Barcelona
Atuando no Signal Iduna Park, o Borussia Dortmund não saiu do zero a zero com o Barcelona, que pode se dizer satisfeito com o empate sem gols. Sem Lionel Messi, o time catalão conseguiu fazer uma partida muito equilibrada no primeiro tempo, mas sofreu na etapa final e o Borussia Dortmund, apesar de uma penalidade a seu favor, não foi capaz de converter o domínio em gols.
Para essa partida, o Dortmund precisou inscrever com urgência o goleiro Jonas Hupe, do U23, para a reserva de Bürki. Além disse, novamente sem Piszczek e Schulz, Hakimi e Guerreiro ocuparam a titularidade nas laterais, Delaney foi a dupla de Witsel no meio-campo, e a única alteração em relação a vitória sobre o Bayer Leverkusen no último fim de semana foi a entrada de Thorgan Hazard na vaga de Brandt.
A situação do Barcelona foi um pouco mais crítica. Messi viajou com o time para a Alemanha, mas sem condições de iniciar jogando, foi relacionado apenas para o banco de reservas, com o jovem Ansu Fati, de 16 anos, novamente titular no ataque. Dembélé, lesionado, não esteve a disposição do técnico Ernesto Valverde, que perdeu ainda no primeiro o lateral-esquerdo Jordi Alba, também por lesão.
Uma combinação de fatores permitiu ao Dortmund neutralizar o Barcelona. De um lado, Mats Hummels teve uma das suas melhores atuações individuais em muito tempo, assim como a dupla Witsel e Delaney, que se impôs fisicamente contra Arthur e Frenkie de Jong. Em contrapartida, Luis Suárez e Antoine Griezmann tiveram noite apagada, Ansu Fati não produziu perigo, e ainda a ausência de Messi, que começou no banco e quando entrou na etapa final não pareceu 100% dentro da partida. Esses fatos somados colocaram o Dortmund em uma inesperada condição de superioridade.
Essa superioridade, porém, no primeiro tempo não se traduziu em oportunidades de gol. Os 45 minutos iniciais, na realidade, foram mais equilibrados, com uma disputa muito forte no meio-campo, uma posse de bola inofensiva do Barcelona e tentativas frustradas de contra-ataque por parte do Borussia. Ambos os times tiveram oportunidades de gol, mas sem sucesso e sem exercer uma pressão maior sobre o adversário.
O Dortmund foi superior porque a proposta desde o início foi apostar no contra-ataque, que funcionou bem em pelo menos duas vezes. Em uma, Hazard deixou Reus na cara de ter Stegen, que parou o camisa 11. Em outra, após boa trama, Alcácer encontrou Sancho livre na entrada da área, mas o inglês finalizou sem perigo. O Dortmund confundiu velocidade com pressa e os poucos golpes que conseguiu desferir não encaixaram. O problema do Barcelona, todavia, pareceu ser a falta de alguém como Messi, ou pelo menos com a atitude do argentino – a capacidade de quebrar linhas, tentar algo diferente, escapar da marcação fechada.

Com poucos minutos de segundo tempo, Sancho foi calçado por Semedo na grande área e o Dortmund teve a oportunidade de abrir o marcador a partir da marca do pênalti. Na cobrança, Marco Reus bateu mal e fracassou na tentativa de colocar o Borussia Dortmund em vantagem no placar. O fato de ter Stegen ter se adiantado é relevante e até indiscutível, mas, ainda que relevante, não apaga o fato principal. Reus novamente esteve na condição de decidir e não o fez.
O segundo tempo do Borussia foi produtivo, dominante, mas parou na incapacidade de finalizar mais e, quando finalizou, na noite brilhante de Marc-André ter Stegen. A entrada de Brandt deu uma dinamicidade que faltou ao time com Thorgan Hazard, que ajudou no controle das ações ofensivas, mas falhou na objetividade. Jules colocou uma bola na trave e arriscou mais, algo que faltou até mesmo para Jadon Sancho.
Quem também não arriscou foi Lucien Favre. Colocar Brandt em campo aos 73 minutos e voltar a mexer no time apenas aos 87, com a entrada de Bruun Larsen no lugar de Paco Alcácer, foi mais um episódio da já característica ausência de ideias do técnico. Existe o argumento válido de que, contra o Barcelona, com Messi em campo, na primeira rodada da Champions, arriscar seria demais, mas ao mesmo tempo o Dortmund poderia ter aproveitado o melhor momento na partida e o domínio que exerceu na etapa final.

Nos minutos finais, trocar, por exemplo, Delaney – que tinha cartão amarelo – por Dahoud, dando mais opção ofensiva ao time, ou Bruun Larsen, colocando Brandt para atuar por dentro, ou mesmo Götze para dar mais criatividade ao meio-campo, são todas opções que Favre teve e novamente optou por não usar. O treinador e filósofo Vanderlei Luxemburgo gosta de afirmar que o medo de perder tira a vontade de ganhar, e esse parece ser um problema sério de Lucien Favre.
Momento é uma coisa irônica porque, de repente, aqui estamos reclamando de uma não vitória contra o Barcelona. Porém, é a prova de que como tudo depende da situação da partida. Nesse caso, os fatos são que o Dortmund dominou, não sofreu grandes riscos, teve as melhores oportunidades de gol e a chance de bater o Barcelona em um momento de fraqueza. Talvez isso não ocorra novamente, e por isso esse não é um um ponto conquistado, mas dois pontos perdidos.
Para ajudar na confusão que pode se tornar esse grupo da Champions, a Internazionale empatou com o Slavia Praha, mantendo os quatro times em condição de igualdade. Entre muitas indefinições, uma certeza: o Dortmund teve a chance de sair na frente, mas desperdiçou – e Marco Reus é o dono desse tropeço.