
Review: Bayern de Munique 3:2 Borussia Dortmund
Diferentemente da temporada passada, o Borussia Dortmund desperdiçou a possibilidade de conquistar a Supercopa da Alemanha da temporada 2020-2021. Desta vez, a equipe comandada por Lucien Favre foi derrotada por 3 a 2 pelo Bayern de Munique na Allianz Arena. Os gols aurinegros foram marcados por Julian Brandt e Erling Braut Håland.
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Embora muita gente tenha esquecido, o torneio é uma disputa entre os vencedores da Bundesliga e da Copa da Alemanha da temporada anterior. Como o time bávaro obteve ambos os títulos, o Dortmund, segundo colocado do campeonato alemão, assumiu a vaga no confronto. Além de uma taça mequetrefe, a Supercopa da Alemanha pode servir tanto como um prêmio de consolação quanto um estímulo para o período atual. Ainda assim, é vista com desprezo no país local e acaba sendo uma espécie de peleja de pré-temporada.
Visando a rotatividade do elenco e a preservação de jogadores que certamente serão importantíssimos para as pretensões aurinegras, Favre optou por poupar três jogadores que vinham sendo titulares: Witsel, Bellingham e Reyna, além de Guerreiro e Schulz, sem prováveis condições de atuarem por uma grande minutagem. Sem Bürki e Sancho, ambos com problemas respiratórios, o Borussia entrou em campo com Hitz no gol e o trio defensivo de sempre, composto por Can, Hummels e Akanji. A linha de quatro seguinte foi formada por Passlack e Meunier nas alas esquerda e direita, respectivamente, com Dahoud e Delaney no meio-campo. O pelotão do ataque contou com Brandt, Reus e Håland.

Inicialmente, o Dortmund começou melhor que o Bayern e conseguiu equilibrar o duelo com um encaixe próximo do ideal de uma pressão alta bem feita, ainda que contasse com jogadores que notavelmente não são dedicados na marcação, como Brandt e Reus, por exemplo. Além disso, conseguia atrair os bávaros, sem espaço pelos lados do campo, para focar em procurar alternativas pelo meio-campo e consequentemente possuírem mais dificuldades na criação de jogadas ofensivas.
Por outro lado, bastou uma bizarra falha de posicionamento defensivo, no momento de um escanteio a favor do time aurinegro, para que o Bayern conseguisse contra-atacar e abrir o placar. Como de costume, o Borussia sentiu o gol e diminuiu o ritmo, principalmente na agressividade dentro do seu próprio campo. Em seguida, o atual campeão da Champions League não hesitou e aproveitou o mal momento de Passlack e companhia, marcando o segundo tento na partida.
Sem grandes alternativas, o Dortmund seguiu tentando pressionar alto e, após um erro da defesa bávara, Håland achou Brandt, livre, para descontar no placar e dar um ápice de esperança na torcida aurinegra. Num todo, a primeira etapa do plantel titular de Lucien Favre não foi tão ruim quanto grande parte dos comentaristas de redes sociais apontaram. Individualmente, Can, Akanji, Passlack, Delaney e Meunier destoaram, mas não estiveram em níveis abaixo do esperado. Inclusive, antes de sofrer o primeiro gol, era possível ter largado na vantagem com uma melhor desenvoltura das jogadas. Depois, nitidamente sentiu e piorou do ponto de vista da concentração, algo recorrente da equipe.

Já no segundo tempo, os jogadores aurinegros voltaram com outra postura, mesmo sem qualquer tipo de mudança tática ou de substituições. Depois de desperdiçar uma enorme oportunidade com Meunier chutando lá no raio que o parta, Akanji roubou a bola de Lewandowski e tocou para Delaney, que colocou Håland na cara do gol e bingo: empate merecido do Borussia Dortmund.
Pela primeira vez na partida, o time vestefaliano vivia um momento superior em relação ao Bayern de Munique, dominando grande parte das ações dentro de campo e, com poucos toques, chegando ao goleiro adversário. E foi assim que surpreendentemente Håland perdeu a oportunidade de virar o placar, com mais méritos de Neuer do que propriamente deméritos do atacante norueguês, e Favre decidiu mudar a tônica do jogo.
O treinador suíço surpreendeu o mundo ao substituir Håland, que vinha sendo o principal jogador em campo, para colocar Reinier. Apesar de ainda não haver uma confirmação oficial, só há uma explicação para a troca: o jogador não possuía condições de atuar por mais tempo e precisava ser retirado de campo para se preservar. No mais e de forma simultânea, Favre também colocou Schulz na vaga de Meunier, o que fez com que Passlack retornasse para sua respectiva posição de origem, na ala-direita.

Cerca de dez minutos depois das duas primeiras substituições, Favre também realizou mais três modificações: Reus, Hummels e Brandt para as entradas de Reyna, Piszczek e Bellingham, consequentemente. A partir disso, o Borussia acabou com ímpeto ofensivo e praticamente parou de jogar, recuando as linhas e dando a entender que estava satisfeito com o resultado.
Como um oásis de justificativa, o Bayern também estagnou na partida com a introdução de alguns jovens jogadores e ativou o modo da posse de bola estéril. Mesmo assim, ainda demonstrava estar mais inteiro técnico e fisicamente do que o próprio time aurinegro, que vem de uma temporada menos desgastante que os vermelhos, mas parece estar aquém em comparação com adversários de alto nível no geral.
No entanto, graças a um erro individualmente ridículo de Delaney na saída de bola, os bávaros pegaram a defesa aurinegra desprevenida, com uma boa colaboração de Hitz, e voltaram a ficar na frente na contagem. Feito isso, o Borussia partiu para o abafa e, sem qualquer tipo de tática, foi incapaz de conseguir o empate — que deveria ter sido o resultado final por tudo que apresentou durante os 90 minutos.

Resumidamente: as substituições de Favre impactaram diretamente na performance do Dortmund e frearam o melhor momento da equipe no jogo, mas não podem ser utilizadas como bode expiatório para justificar a derrota, embora exista razão nas críticas do instante em que tenham sido realizadas. Por se tratar de um início de época turbulento do ponto de vista da atipicidade com pandemia e afins, era nítido que os titulares aurinegros dificilmente iriam conseguir atuar dois tempos. E nós, meros torcedores, não podemos contestar a ciência presente dentro do clube.
Ademais, é necessário criticar Favre do mesmo modo como deveria acontecer com Delaney, que é um dos pilares do elenco e experiente o suficiente para entender qual camisa está vestindo. Independentemente de achar injusto colocar o peso de uma derrota nas costas de um único jogador, o meio-campista dinamarquês comete uma falha determinante no segundo Der Klassiker seguido e precisa ser cobrado tanto dentro quanto fora de campo.
Agora, nos resta lamentar a oportunidade de “título” desperdiçado e acreditar, se é que ainda é possível, nas três principais competições da temporada. O elenco muito provavelmente será este e temos que ir à guerra com os soldados que temos, com um comandante mais perdido que cachorro em dia de mudança. Então, o próximo compromisso do Borussia Dortmund acontece no próximo sábado, dia 3 de outubro, às 10h30 (horário de Brasília), contra o Freiburg no Signal Iduna Park.