
Reforços foram um grande acerto do Dortmund para a temporada
O Borussia Dortmund tem investido cada vez mais em reforços. Para a temporada 2019-2020, o clube chegou próximo da marca de 150 milhões de euros investidos em contratações para o time principal, mas algo mudou em relação às últimas temporadas. Acostumado a adquirir promessas e jogadores de baixa rodagem, o clube voltou seus esforços para jogadores mais experientes, mais caros e que, para a glória da diretoria, também deram mais resultado que os reforços de anos anteriores.
Muito se discute a respeito da filosofia de contratações do Borussia, mas esse não é o assunto principal desse texto. A essa altura do campeonato, é dever moral de todos saberem que a austeridade financeira e controle do caixa são medidas necessárias, que o Dortmund está longe de ser um clube com liberdade para gastar ao bel prazer e que cada moeda vale na hora de fechar a conta. E é por isso que nos vimos na obrigação de exaltar o trabalho feito pela diretoria para a temporada recém-concluída.
Michael Zorc costuma concluir negócios muito rapidamente e não dar muitas brechas para profundas reflexões por parte da torcida a respeito da viabilidade ou não dos reforços. Antes do início dessa temporada, foi responsável por repatriar Mats Hummels, por tirar Nico Schulz do Hoffenheim, Thorgan Hazard do Borussia Mönchengladbach e Julian Brandt do Bayer Leverkusen. Dos quatro reforços de adversários da metade de cima da tabela, apenas Schulz decepcionou, mas em contrapartida os outros três se tornaram peças fundamentais do time.

A contratação de Hummels para muitos era cercada de nuvens cinzentas, mas aqui no blog nós ressaltamos um mantra que deve ser permanente: tudo depende do desempenho em campo. Não era possível condenar ou exaltar o retorno do zagueiro antes de saber qual seria o seu impacto na defesa aurinegra, mas tínhamos o pressentimento de que seria uma cartada certeira. Isso pois nos baseamos por um indício simples – Hummels não precisava fazer muito para elevar o nível da zaga em relação a última temporada.
Assim como Mats tomou conta do setor defensivo, agregando em segurança e dando suporte ao restante do setor, o belga Thorgan Hazard fez o mesmo no ataque. Destaque do M’gladbach há algumas temporadas e grande condutor de jogadas, teve impacto imediato e por algum tempo foi um dos melhores do time, não apenas em rendimento em campo, mas em números. Contribuiu muito para gols e apesar do início capenga de 2020, foi um reforço que elevou o nível do time. Analisando de forma horizontal a temporada, é possível dizer até que foi ainda melhor do que Julian Brandt.
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+ Perfil: Julian Brandt
Brandt teve um pouco de dificuldade em seu início no clube aurinegro pois não encontrou espaço no time e encaixe no sistema de Favre. Se adaptou ao lado de Witsel e tecnicamente foi um dos mais brilhantes da equipe na temporada, dando um salto em relação ao desempenho apresentado no Bayer Leverkusen. Há muito tempo o Dortmund não acertava em três reforços que viriam a se tornar tão essenciais para o onze inicial, resolvendo carências na defesa, meio e ataque, e essa é talvez uma das maiores evoluções da temporada.
Como se não bastassem esses acertos, o clube ainda abriu os cofres para contratar Emre Can e Erling Braut Håland na janela de transferências de inverno. Can foi uma contratação controversa, mas que logo mostrou seu valor ao time aurinegro. Tem experiência, versatilidade e foi importante para suprir perdas por lesão naturais na reta final do campeonato. Apesar de caro, foi um investimento necessário e que deixou o time mais robusto. O mesmo se aplica para Håland. Se você precisa de alguma explicação do por quê de ter sido um reforço certeiro, certamente levou o isolamento social mais a sério do que qualquer outra pessoa.

Para completar, o clube ainda trouxe Mateu Morey sem custos. Uma lesão no ombro no início da temporada fez com que ficasse para trás na disputa pela lateral-direita, ficou por muito tempo no time B, mas nos capítulos finais da Bundesliga serviu de alento: se o desempenho do Dortmund deixou a desejar, Morey nos deixou curiosos em relação ao que pode fazer na era pós-Hakimi.
O único erro foi Nico Schulz, que foi um dos piores do elenco em toda a temporada, com atuações muito ruins e comprometedoras. Ainda assim, foi um erro que rendeu bons frutos: Schulz começou a temporada como titular e tinha apenas a concorrência de Guerreiro. O desempenho ruim do alemão abriu espaço para que Raphaël subisse de rendimento e aos poucos se firmasse como ala titular. Guerreiro termina a temporada como peça-chave do time, enquanto Schulz deve servir de moeda de troca, pois ainda tem mercado na Alemanha. Foi um investimento ruim, mas que não irá totalmente pelo ralo.
Em 2019-2020, Zorc acertou todas suas flechadas no centro do alvo. Essa era para ter sido a última temporada do dirigente no comando das contratações, mas a crise do Covid-19 fez com que renovasse por mais um ano. Será que em 2020-2021 terá o mesmo sucesso? Com menos dinheiro e mais problemas, é apenas mais um desafio no caminho do Borussia Dortmund, que tem evoluído ano a ano e aprendido com os erros importantes lições no mercado de transferências.