
Pouco útil, Philipp sai do Dortmund sem mostrar a que veio
Comprado do Freiburg por cerca de 20 milhões de euros, Maximilian Philipp chegou com status de campeão da Eurocopa sub-21 e uma das principais revelações da Bundesliga na temporada 2016-2017, além de possuir todos os requisitos necessários para se qualificar como um reforço ideal. Jovem, alemão, com passagem por seleções de base, perspectiva de evolução, conhecedor da liga e um valor justo no inflacionado mercado europeu. Transferido para o Dynamo Moscow pelos mesmos 20 milhões de euros, Philipp deixa o Dortmund sem corresponder às expectativas criadas.
Com nove gols marcados na temporada anterior à sua contratação, Philipp foi um jogador bastante importante no Freiburg, que havia acabado de subir da segunda para a primeira divisão. Na época, era peça-chave do time comandado por Christian Streich, contribuindo diretamente na classificação final, quando conseguiram terminar na sétima posição e garantiram presença na pré-eliminatória da Europa League.
Vale recordar que, quando foi contratado, o Borussia Dortmund aproveitou a saída de Thomas Tuchel e decidiu abrir os cofres, investindo em diversas novas caras. E o mais curioso disso tudo é que boa parte dos jogadores contratados foram anunciados alguns dias depois da chegada de Peter Bosz. Por exemplo, o anúncio do Philipp foi feito 24 horas após a oficialização do treinador holandês. Portanto, a chance do técnico não ter sido consultado é grande, visto a independência da dupla Watze e Zorc quando o assunto é transferências.

Considerando o modo de atuar da diretoria aurinegra, é provável que a compra do jovem jogador não tenha passado de uma boa oportunidade mercado. Errado não foi, mas poderiam ter analisado melhor a situação a fim de evitar uma superlotação de jogadores em determinados setores, especialmente o ofensivo. Ainda assim, sua primeira temporada no Dortmund foi como titular, fazendo gols e aproveitando a maré de boas atuações. Ali parecia surgir um grande talento e opção interessante para o elenco.
No entanto, passados alguns bons jogos, bastou a má fase — do time como um todo — chegar para que seu desempenho caísse. Para piorar, sofreu uma grave lesão no joelho, que lhe tirou dos gramados por quase três meses e parece que foi aí que acabou sua passagem pelo Borussia. É verdade que não vivia um bom momento, mas a continuidade da sua participação, tanto coletivamente, quanto individualmente, era necessária.
Quando retornou, o cenário encontrado no Signal Iduna Park era outro. Sob o comando de Peter Stöger, começou a frequentar o banco de reservas com mais assiduidade. Todavia, pouco se fala sobre, mas terminou a época com nove gols no Campeonato Alemão, repetindo a mesma boa marca que havia conseguido no ano anterior pelo Freiburg.

Nitidamente sem confiança, Philipp iniciou a última temporada — mais uma vez — como titular. Só que desta vez, apesar das boas atuações coletivas, suas performances individuais destoaram do restante da equipe. Por isso, meses depois do início, alguns sumiços até do banco de reservas começaram a acontecer. Mesmo que parecesse súbito e estranho, mas não dá para contestar Lucien Favre, visto que ele via e acompanhava a situação melhor do que nós.
Sem muita mídia, algo que nunca teve, aos poucos Philipp foi sendo deixado de lado por questões compreensíveis. Boa parte dos concorrentes para as posições onde costumava jogar estavam em um bom nível ou, pelo menos, em um nível superior ao seu. Nas oportunidades que teve, pareceu estar acomodado e meio desligado em relação ao que estava acontecendo em campo. Além disso, como Paco Alcácer, Mario Götze e até mesmo Marco Reus estavam a sua frente como centroavante, posição na qual Lucien Favre acreditava que ele poderia atuar, não havia outra alternativa além do gradual afastamento técnico do jogador.
A grande questão que pode ser a justificativa para ter dado errado é a falta de um encaixe tático. Philipp nunca foi escalado na sua função de ofício por nenhum dos três treinadores que possuiu em Dortmund. Por exemplo, poderia muito bem atuar na mesma posição que Marco Reus passou a atuar com Favre. Entretanto, sempre teve que se adaptar a posições que nunca havia jogado nem na base. Além do mais, em mais ou menos um ano, a alternância de estilos de jogo, muito por conta da frequente mudança de comando que aconteceu desde a sua chegada ao Borussia, também deve ser levada em questão como fator negativo.

De qualquer maneira, se tem alguém para sair como vilão nessa história é a própria diretoria aurinegra, que o contratou sem imaginar como poderia ser sua participação no elenco. É lógico que a culpa do jogador não deve e não pode ser reduzida por conta disso, mas é um caso em que todos tem sua parcela a pagar. Caso realmente fosse um grande talento, teria rendido muito mais nas funções em que foi testado — algo que não conseguiu.
Como tentativa de consertar o problema que ela mesma criou, a diretoria aurinegra, também com a necessidade de fazer caixa, resolveu vender Milli Philipp ao Dynamo Moscow, faturando 20 milhões de euros. Apesar de todas as questões envolvendo a situação, o Borussia Dortmund acerta na venda em vista de ter recuperado o valor investido há dois anos. Ademais, no aspecto técnico, Philipp está longe de ser uma perda significativa para o elenco.
Ainda que seja subestimado, Philipp passou longe de exibir o que tem melhor quando esteve em campo no Borussia, desde os bons jogos ao único gol por 523 minutos na sua última temporada. A era vivenciada foi se resume ao desempenho abaixo do esperado que se tornou rotineiro e a transferência diz muito sobre o que se tornou: aos 25 anos, trocar a Bundesliga pela Rússia é um movimento de quem sabe que não atingirá o potencial especulado.