
Perfil: Julian Brandt
Terceiro reforço confirmado pelo Borussia Dortmund para a temporada que está por vir, Julian Brandt é e deve ser a principal contratação para a temporada 2019-2020. Destaque do Bayer Leverkusen e Seleção Alemã, assina com o Borussia por cinco temporadas e custando 25 milhões de euros, valor de sua cláusula de rescisão prevista em contrato.
Brandt não é apenas um reforço, é uma declaração. Enquanto o Leverkusen tratava a classificação para a próxima Champions League como garantia para manter o jogador, Michael Zorc seguiu adiante e com celeridade concluiu uma transferência que parecia improvável. Para acertar com o Dortmund, Brandt recusou clubes da Premier League, Juventus, Paris Saint-Germain, Atlético de Madrid e, supõe-se, Bayern de Munique.
Chega com salário alto, de mais de 8 milhões de euros por temporada, e ciente que terá que fazer valer cada moeda. Para permanecer na Alemanha, Brandt exigiu um esforço financeiro que se reflete em um peso atípico na folha de pagamento do Borussia Dortmund, recusou atuar em condições de pressão mais amena e benefícios mais largos, e ainda assim escolheu o clube aurinegro. Cada passo da carreira de Jules, desde sua transição para o profissional, foi extremamente bem calculado, e esse parece ser mais um deles.

A ascensão do futebol de base para o profissional foi meteórica e o próprio jogador demorou um pouco para acreditar no quão longe poderia ir. Em entrevista ao Express, Brandt revelou ter iniciado um estágio no setor administrativo do Wolfsburg enquanto atuava na base dos Wölfe, se preparando para um eventual fracasso na mudança para o primeiro escalação.
A precaução, porém, não passou de uma prova de modéstia e humildade do jovem atacante. A essa altura da carreira – 17 anos, importante ressaltar – contava com a titularidade em todas as seleções de base da Alemanha, recusou um empréstimo precoce para o Vitesse e atraiu Chelsea, Bayer Leverkusen, Borussia Dortmund e Bayern de Munique. Era tarde demais: Jules tinha transformado o sonho em realidade.
No inverno de 2013-2014, Julian Brandt escolheu o Bayer Leverkusen como primeira parada nos profissionais, antes mesmo de estrear pelo time principal do Wolfsburg. Ao rechaçar os avanços de clubes maiores, o jogador deixou claro que estava disposto para tentar o protagonismo em um clube acostumado a servir de ótima vitrine para jovens jogadores. Julian e o pai escolheram a dedo o Leverkusen.
Apesar das frequentes mudanças de técnico e instabilidade do Bayer durante sua passagem pelos Werkself, Brandt foi uma constante. Com números expressivos nas últimas quatro temporadas, mostrou qualidade e versatilidade, atuando em diferentes posições e se tornando um dos principais nomes da atual geração alemã.

Nos primeiros anos da carreira era consenso que Julian Brandt se tratava de um puro atacante. Principalmente porque seus atributos sempre levaram a crer que se tornaria um colosso no setor ofensivo: a capacidade de atacar pelos dois lados do campo, imposição física para entrar na área, velocidade e ótimo primeiro toque. Na última temporada, porém, descobrimos um novo Brandt.
Analistas na Alemanha tratam da transição posicional de Brandt sob o comando de Peter Bosz na última temporada por Brandt-as-Schweinsteiger, e a comparação faz sentido. Jules começou como ponta, foi testado pelo centro da criação de jogadas e terminou a temporada como um meia central. Não tem o desarme e marcação necessários para ser base do meio-campo, mas aproveitá-lo em uma função mais criativa deu certo.
Assim como Schweinsteiger, Brandt pode aproveitar melhor seus talentos tendo uma visão mais ampla do campo do que aberto no ataque. Não acredito, porém, que seja tão apto para essa função no meio quanto o ex-jogador bávaro. Jules é mais veloz, tem melhor drible e um DNA ofensivo que faltava para Bastian. Mas são todas opções que ficam a disposição do Borussia Dortmund, e isso é perfeito.

Com apenas 23 anos de idade, Brandt é uma declaração de força do Borussia Dortmund no mercado de transferências, mas também uma precaução. Ignorando as possibilidades mais mirabolantes, não deixa de ser, no final das contas, um potencial sucessor para Marco Reus, que chega aos 30 anos e não pode estar em campo sempre. Predisposto a lesões e sobrecarregado na função, Marco não tinha um substituto capaz de manter o time com as mesmas características na sua ausência.
Julian Brandt reúne características que o colocam, ainda que de maneira precoce, na trilha para a idolatria no Borussia Dortmund. E isso seria um grande problema, porém o que para uns é considerado precoce, para Brandt costuma ser apenas mais um passo na carreira. São cinco temporadas como atleta profissional, mais de 300 partidas disputadas e participação em mais de 150 gols. Os números não mentem: Brandt cresce impregnado pelo sucesso, o topo parece questão de tempo.
Em resumo, Jules é um sujeito de predicados diversos, mais do que capaz de representar uma mudança de paradigma no Dortmund. Competir em todas as frentes foi um avanço importante do clube na década de 2010, mas disputar para vencer pode ser a realidade da década de 2020. E esse novo futuro passa pelos pés e pela mente de Julian Brandt.