
Paco Alcácer e Jacob Bruun Larsen deixam o Borussia pela porta dos fundos
Entre idas e vindas, o Borussia Dortmund realizou duas das três vendas quase que no apagar das luzes da janela de inverno. No caso, Paco Alcácer foi vendido para o Villarreal por cerca de 23 milhões de euros e Jacob Bruun Larsen rumou ao Hoffenheim, com um preço estipulado em torno de 14 milhões de euros englobando valores fixos e variáveis. No caso, as duas transferências eram vistas como prováveis, visto que ambos estavam insatisfeitos com a falta de oportunidades e de rotação por parte de Lucien Favre.
Ainda assim, a situação de Paco Alcácer foi ainda mais complexa. Para compreender, é preciso avaliar todos os fatores em questão, a começar pela expectativa, tanto da diretoria quanto da torcida aurinegra, depositada sobre o espanhol. Vale relembrar que Alcácer chegou no início da temporada 2018-2019, oriundo do Barcelona por empréstimo com opção de compra fixada. Na época, era pouco aproveitado na equipe espanhola e viu no Borussia Dortmund uma boa oportunidade de dar “a volta por cima” na carreira.
Logo de cara, o ex-camisa 9 aurinegro desandou a marcar gols, muito por conta da própria característica do Borussia de ser, nos últimos anos, um time que cria inúmeras oportunidades para atacantes com bom senso de posicionamento na área adversária. Sendo assim, foi subindo de patamar aos poucos e passou de um reserva útil para um titular quase que incontestável, até pela falta de concorrentes, com as mesmas particularidades, presentes no elenco aurinegro.

Portanto, a expectativa que anteriormente era baixa, subiu o sarrafo e aumentou conforme as performances continuavam melhorando a cada partida do espanhol. A esperança, principalmente da torcida, fez com que o índice de cobrança por boas atuações fosse cada vez maior. E talvez esse tenha sido o maior problema da passagem de Alcácer por Dortmund.
Com quase um gol a cada dois jogos com a camisa aurinegra, os números mascaram um pouco o que foi o rendimento geral do centroavante. Claro que marcar gols é bom, e marcar gols importantes é melhor ainda, algo que Alcácer fez vários, como de viradas sensacionais contra Augsburg e Bayern de Munique, além de ter marcado o tento que deu o título atual da Supercopa Alemã.
No entanto, gols não podem omitir atuações bem abaixo do esperado, como passaram a ocorrer com maior frequência nesta temporada e, curiosamente, quando veio à tona rumores de que a família do centroavante não havia se adaptado na Alemanha e pretendia retornar à Espanha. A partir disso, Alcácer passou a não ser relacionado para partidas por conta de treinos ruins e pela falta de interesse em estar disposto a ajudar a equipe de Lucien Favre. Ali era o fim da passagem do espanhol no Borussia, um jogador que se auto sabotou perante uma equipe que rendeu mais sem a presença do mesmo.
No geral, Alcácer nunca foi visto como essencial para o time, não é à toa que não se firmou como titular quando o nível de qualidade do elenco subiu. Além disso, as lesões e os problemas físicos o impediram de atuar com mais regularidade. De uma forma mais resumida, foi um bom atacante enquanto esteve no clube, mas nada fora do normal. Com a chegada de Håland, se tornou a terceira opção para o ataque e teria ainda menos oportunidades no decorrer da atual temporada. Sendo assim, o Dortmund acertou em vendê-lo enquanto pôde, até por ter conseguido recuperar o valor investido.

Por outro lado, Bruun Larsen viveu altos e baixos durante as diferentes passagens pelo Borussia. Contratado em 2015 para ingressar o time U17, o dinamarquês obteve boas atuações e conquistou títulos, o que fez com que passasse a ser considerado uma das principais joias das categorias de base aurinegra. Mesmo com grife, não conseguiu muitas chances no primeiro ano como profissional e teve que ser emprestado ao Stuttgart, onde obteve relativo sucesso.
Ao retornar, foi reintegrado aos profissionais e ouviu, da própria diretoria do Borussia, que seria aproveitado. Na época, houve uma proposta — prontamente recusada — em torno de 15 milhões de euros por parte do Stuttgart para a adquirir os direitos do jogador em definitivo. Por todo o contexto, era esperado que Bruun Larsen conseguisse subir de patamar com as oportunidades que naturalmente apareceriam. Não foi o caso.
Seja como meia-atacante pela esquerda, direita, centralizado ou como um centroavante de ofício: em nenhuma das posições ofensivas Bruun Larsen conseguiu render minimamente bem. Além do mais, nunca conseguiu ser o mesmo jogador que foi durante os passados anos pela base aurinegra. Mesmo aos 21 anos, a decisão do Borussia de se desfazer de uma das pratas da casa fez total sentido, visto que o dinamarquês constava em um setor altamente qualificado e passou a ser uma das últimas opções de Lucien Favre, inclusive sendo preterido em relação à Giovanni Reyna.

Então, englobando o contexto de elenco, comissão técnica e temporada, as decisões envolvendo ambas transferências foram acertadas. Paco Alcácer não vinha desempenhando um bom papel dentro de campo e convivia com problemas pessoais, além de se lesionar com certa frequência. Bruun Larsen, por sua vez, não aproveitou as chances nas poucas oportunidades que teve e visivelmente estava abaixo de todos outros concorrentes de ataque.
Sendo assim, pelos valores obtidos e pela economia na folha salarial com as duas vendas, há muito mais pontos positivos do que negativos, tanto para o clube, quanto para os dois jogadores. A tendência é que ambos conquistem status diferentes dos que possuíam no Borussia Dortmund, que também foi beneficiado por conseguir se livrar de quem pouco agregava às pretensões futuras do clube.