
Mo Dahoud merece um voto de confiança?
Contratado do Borussia Mönchengladbach, Mahmoud Dahoud foi anunciado como reforço do Borussia Dortmund para a temporada 2017-2018. Sem confirmar os valores da transação, que foram especulados em 12 milhões de euros, ele assinou até junho de 2022. Na época, a equipe aurinegra teve a forte concorrência do Liverpool de Jürgen Klopp.
Nascido na Síria, foi ainda bebê para a região do Reno, na Alemanha. Naturalizado alemão e desde 2014 defendendo as seleções de base da Alemanha, se profissionalizou neste mesmo ano, mas foi só a partir de 2015 que começou a ter mais chances no time principal. Antes, o meio-campista jogou na base do Fortuna Düsseldorf.
Com a camisa dos Föhlen, ignorando seu 2014-2015 quando atuou em raras ocasiões, Dahoud participou de outras duas temporadas: 2015-2016 e 2016-2017. Na primeira, provavelmente a melhor de sua carreira, ele impressionou com cinco gols e nove assistências em 32 jogos pela Bundesliga. Curiosamente, ainda que tenha sido sob o comando de Lucien Favre que o jovem meio-campista tenha sido lançado no profissional, foi com André Schubert que ele teve seu período de afirmação na liga.

Com mais tempo de jogo no profissional, Dahoud chegou a fazer três gols e dar sete assistências em 42 jogos da temporada 2016-2017. Além dos números, suas eficientes atuações o creditaram para que tanto Dortmund, quanto Liverpool, buscassem sua contratação. Naquele período, tinha todos os requisitos necessários para o interesse aurinegro: jovem, alemão, em ascensão na liga e muito promissor. Era natural que sua chegada gerasse expectativa e estivesse cercada de otimismo.
O grande mito colocado erroneamente sobre Dahoud foi o status de substituto para a saída de Ilkay Gündogan, muito pelo estilo de jogo parecido, fazendo com a que a cobrança sobre suas atuações fossem mais do que excessivas. Também é verdade que não chegou pronto, e até hoje não está nem perto do seu potencial máximo. Talvez se tivesse tido mais uma temporada como peça-chave do M’gladbach de Dieter Hecking, a história poderia ter tido outro rumo.
A grande esperança dos torcedores aurinegros era que a contratação de Lucien Favre, por já ter conhecimento do jogador, fizesse com que rendesse mais. Mas historicamente foi com ele em que Dahoud, em toda a sua carreira, não conseguiu dar uma única assistência em mais de 32 jogos. Tudo bem que também foi com o treinador suíço que, depois de quase dois anos de Dortmund, o meio-campista marcou seu primeiro gol. Contudo, essa foi a sua única participação estatística em 22 jogos na temporada. É muito pouco pra quem, na teoria, almeja uma titularidade.

Como para toda situação há uma explicação por trás, o fracasso — se é que pode ser chamado assim — Mahmoud Dahoud no Borussia Dortmund ainda pode ser recuperado. No entanto, o grande problema em questão é o 4-2-3-1 adotado por Lucien Favre, que acaba privilegiando os meio-campistas com mais características combativas e menos ofensivas. No caso, Axel Witsel e Thomas Delaney largam na frente do alemão por serem superiores defensivamente, além do nível igual ou superior na qualidade de ataque.
Para conseguir deixar o banco de reservas, Dahoud terá que desenvolver atributos mais defensivos e aperfeiçoar o que já consegue entregar em um bom nível, como seu passe e a facilidade com que encontra espaços. Ainda assim, sua tomada de decisão é um especilho na criação de jogadas. Em muitas ocasiões, ele tenta fazer o mais difícil ao invés do mais fácil. E quando não se tem confiança, nada dá certo. De qualquer maneira, nada que mais tempo de jogo não faça com que consiga recuperar o bom futebol.
Sem convencer nas poucas oportunidades que teve, o alemão de 23 anos adentra o seu terceiro ano de Borussia Dortmund contestado e com a necessidade de melhorar seu pífio rendimento das temporadas anteriores. Embora existam rumores para sua saída, segundo a Kicker, a equipe alemã pretende mantê-lo e acredita em uma possível recuperação do jogador.

Mesmo que não encaixe nos padrões táticos do atual treinador aurinegro, é compreensível a manutenção pela sua permanência. Antes de tudo, Dahoud foi contratado como uma peça capaz de segurar a barra no presente e ser referência no futuro. O tempo passou, o futuro virou presente, e Mo não alcançou nem metade do que se esperava dele no momento da contratação. O Borussia, porém, não pode abrir mão de um jogador do seu nível como se fosse só mais um, e se alguém pode extrair o melhor do meio-campista, esse alguém é Lucien Favre.