
Review: Borussia Dortmund 4:0 Schalke 04
No retorno da Bundesliga após a pausa provocada pela pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, o Borussia Dortmund voltou com tudo e atropelou o maior rival, vulgo Schalke 04, em pleno Signal Iduna Park de portões fechados. Em ritmo de treino, a equipe comandada por Lucien Favre venceu pelo placar de 4 a 0, com gols de Håland, Guerreiro (2) e Hazard.
Com mais de um mês e meio sem entrar oficialmente em campo, o Dortmund sofreu para montar um time titular digno do duelo. Ao todo eram cinco desfalques confirmados: Zagadou, Schulz, Can, Witsel e Reus, todos lesionados. Além disso, algumas horas antes do início da partida, os principais portais da Alemanha confirmaram que Sancho seria poupado por não ter se recuperado a tempo de um problema muscular. Para piorar, Reyna, que seria titular no lugar do jovem inglês, teve um problema médico não revelado durante o aquecimento e precisou dar lugar a Hazard.
Ainda assim, a base da equipe seguiu sendo a mesma, com o trio defensivo sendo formado por Piszczek, Hummels e Akanji. Nas respectivas alas direita e esquerda, Hakimi e Guerreiro seguiram como incontestáveis. No entanto, a dupla de meio-campo mais defensiva foi a área mais modificada e surpreendentemente contou com Delaney e Dahoud. Por fim, o trio ofensivo acabou sendo composto por Brandt, Hazard e Håland.

O jogo começou da maneira mais esperada possível, com as duas equipes pressionando alto e induzindo a saída pelo lado e encaixando a marcação no determinado setor. Todavia, era o Dortmund que possuía o controle do jogo e mandava nas ações, ainda que tenha demorado para implementar o cenário ideal de seus jogadores ofensivos. No caso, bastou um toque genial por parte de Brandt para que Hazard, em questão de segundos, colocasse Håland na cara do gol, local no qual o norueguês não perdoa — e não perdoou.
Mesmo com a vantagem no placar, os comandados de Favre conseguiram manter o ritmo e seguiram abafando o Schalke, que não apresentou muito repertório coletivo, principalmente ofensivo. Logo, o segundo gol aurinegro surgiu de uma pressão alta bem feita, obrigando o goleiro adversário a rifar a bola de forma errônea e gerando enorme espaço para Brandt encontrar Guerreiro, que finalizou como manda o figurino, de forma precisa e no canto oposto do respectivo arqueiro.
Entendo que a utilização da conjunção “se” no mundo do futebol é errada, mas já assumindo meu erro, o sentimento era de que se houvesse uma manutenção daquele primeiro tempo, o Dortmund aplicaria uma goleada histórica. No geral, os 45 minutos do Revierderby foram de um time só, com ampla vantagem aurinegra em todos os quesitos possíveis. Inclusive, pelo volume de jogo emplacado pelos donos da casa, o singelo placar de 2 a 0 acabou saindo barato até demais.

Do mesmo modo, o segundo tempo seguiu a cartilha do primeiro, com o Borussia amplamente dominante e apostando nas transições ofensivas de maneira bem parecida com a época de ouro em que era comandado por Jürgen Klopp. Portanto, em poucos toques e em mais uma genialidade de Brandt, Hazard conseguiu infiltrar pelo lado esquerdo da defesa adversária e finalizou para dar um balde de água fria na possível reação dos azuis-reais.
Com enorme facilidade e desta vez através da versão garçom de Håland, Guerreiro conseguiu infiltrar novamente na área adversária e fechou o caixão do Schalke, colocando 4 a 0 no placar e obrigando que o oponente superasse os recordes anteriores da recente história do duelo e marcasse quatro gols em, no máximo, 30 minutos.
Para aproveitar do resultado estabelecido e da possibilidade de agora poder realizar até cinco substituições por jogo, Favre iniciou as trocas colocando Balerdi, sim, ele mesmo, no lugar de Delaney, que estava amarelado e poderia eventualmente ser expulso, algo que não é difícil. Inclusive, Balerdi atuou como propriamente um meio-campista de ofício, função que já jogou pelo Boca Juniors, e indica que pode ser utilizado com mais frequência na posição.
Depois, o “treineiro” suíço tirou Hazard, que fez uma das melhores partidas com a camisa aurinegra, e colocou Sancho, ainda se recuperando de uma lesão, em uma partida completamente definida sem necessidade alguma. Por fim, optou em pôr Götze e Schmelzer nas vagas de Dahoud e Guerreiro, respectivamente.

No geral, o Dortmund conseguiu provar que está mais vivo do que nunca na briga pelo título da Bundesliga, com 54 pontos e somente um ponto de desvantagem em relação ao Bayern de Munique, que ainda joga nesta rodada. Com muitos desfalques e diversos jovens jogadores no banco de reservas sem qualquer experiência na competição, como Morey, Führich e Raschl, o clube conseguiu justificar a existência de um elenco robusto e mostrou que há opções qualificadas para o prosseguimento da temporada.
Do ponto de vista tático, Favre também demonstrou que conseguiu tirar proveito do tempo disponível de trabalho e manteve a equipe na melhor forma possível, com bastante similaridade em relação aos jogos anteriores pela própria Bundesliga. Além do mais, por incrível que pareça, atuar sem público pode ter sido um fator determinante para que o Dortmund tenha conseguido ceder poucos erros, principalmente defensivos, e ter mantido a concentração durante os 90 minutos, visto que o maior clássico da Alemanha costuma englobar um ambiente hostil, algo que esteve longe de acontecer neste embate.
A próxima partida ocorrerá às 10h30 do próximo sábado, pela Bundesliga, quando o Borussia irá visitar o Wolfsburg na Volkswagen Arena. Com cinco vitórias consecutivas na competição, o time aurinegro deve ter o retorno de alguns jogadores importantes para o duelo, como Can e Witsel, e precisará se desdobrar, mais uma vez, para tentar seguir na luta pela primeira colocação até o jogo contra o Bayern de Munique, que acontecerá logo na sequência, às 13h30 do dia 26 de maio.